Veículos elétricos e incêndios “espontâneos”: o que dizem as estatísticas?

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De vez em quando surgem notícias sobre mais um carro elétrico que aparentemente pegou fogo sozinho. E claro, sendo esta uma tecnologia em forte crescimento no sector automóvel, os alertas disparam e o receio das pessoas aumenta.

Acontecimento frequente, ou é só aparente?

Para poder responder a esta pergunta, nada melhor que espreitar diversas estatísticas sobre incêndios em veículos elétricos. Um artigo recente da Reuters explora esta questão, na sequência de um incêndio na Coreia do Sul que terá tido origem de forma espontânea num veículo elétrico da Mercedes e que destruiu cerca de 140 carros.

O artigo menciona um estudo publicado pela companhia de Seguros AutoInsuranceEZ. Nele, é revelado que segundo dados do National Transportation Safety Board (EUA), a cada 100.000 unidades vendidas de veículos elétricos nos Estados Unidos, 25 se incendeiam, enquanto que esse número sobe para 1.530 no caso de veículos a combustão. Curioso notar o número de veículos híbridos que se incendeiam: 3.475 a cada 100.000!

No caso específico da Coreia do Sul, a cada 10.000 veículos elétricos vendidos, 1,3 se incendeiam enquanto que nos veículos de combustão esse número é de 1,9.

Com efeito, a Tesla também tem as suas estatísticas: em 2018, foi referido um artigo da CNN que segundo a Tesla, os veículos a combustão têm até 11x maior probabilidade de arder que um Tesla. No caso, por cada 1,6 mil milhões de quilómetros percorridos, 5 Teslas arderam enquanto que nos veículos a combustão esse número era de 55. Vale o que vale, pois é a Tesla a dizer e é um dado com 6 anos…

Conclusão

Uma coisa parece certa: os veículos elétricos não são mais propensos a incêndios que os veículos a combustão. Já com os híbridos, não faria mal nenhum termos um cuidado extra.

Diria que para este mito muito contribuiu o facto de termos tido vários relatos ao longo dos anos de telemóveis cuja bateria pega fogo de forma instantânea. Um dos mais paradigmáticos foi o Samsung Galaxy Note 7 em 2017, que valeu à Samsung um recall mundial do smartphone. Por isso, é natural que este receio exista agora com veículos elétricos que têm baterias de dimensões muito maiores.

Mais recentemente, as notícias de incêndios com veículos elétricos têm ganho um mediatismo muito maior, apesar de serem em menor número conforme vimos, o que contribuiu para esse mito.

Mas como vimos, a realidade é que as baterias nos veículos elétricos são bastante seguras e a tendência nos próximos anos é que se tornem ainda mais seguras. Algumas das tecnologias que poderão contribuir para isso são as baterias LFP (presentes em alguns modelos de Teslas, por exemplo) e as baterias de estado sólido.

Ainda assim, todo o cuidado é pouco. O calor é um dos grandes inimigos das baterias, por isso sempre que possível é de evitar tudo o que aqueça baterias, por exemplo, carregamentos rápidos e exposição prolongada ao sol.


Via: Razão Automóvel | Imagem: InsideEVs