Como saber se sou “compatível” com um veículo elétrico?

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Na última semana, uma amiga perguntou-me se podia partilhar a minha perspetiva sobre como é ter um veículo elétrico e se recomendaria um. Antes de responder, fiz uma reflexão sobre todo o meu percurso com o Tesla, pois nem todas as pessoas apreciam a tecnologia ou valorizam a poupança da mesma maneira que eu.

Antes mesmo de saber que modelo estava interessada, fiz-lhe duas perguntas que considero essenciais:

  • Tens garagem?
  • Quantos quilómetros fazes por dia?

A minha resposta habitual é: se não tiveres garagem, a minha resposta é não, pois isso requer mais flexibilidade e planeamento da parte do utilizador. Eu acredito que o carro deve servir-nos e estar disponível quando precisamos, e não o contrário. Ou seja, a ideia é chegar a casa e colocá-lo a carregar, para que esteja pronto quando necessário. Caso tenhas garagem, costumo aconselhar um veículo elétrico se os quilómetros diários (a regra e não a exceção) forem possíveis de realizar com pelo menos 80% da bateria do modelo em que estás interessado, de forma que a viagem não necessite de uma paragem para carregar antes do regresso.

É possível ter um carro elétrico sem garagem e que necessite de uma paragem para carregar antes de regressar? Claro que sim. Já escrevi sobre isso e demonstrei que é possível poupar. No entanto, a flexibilidade e planeamento é algo que muitas pessoas não estão dispostas a aceitar, o que é perfeitamente compreensível. Neste caso, sou a exceção e não a regra, e nunca aconselho um veículo elétrico nas mesmas condições que eu, pois ao final de um mês, provavelmente vão-se arrepender.

Se a rede pública melhorar as suas infraestruturas, tanto a nível de fiabilidade, disponibilidade, como de preços (que estão caríssimos e são demasiado complexos em comparação com a rede da Tesla), a minha resposta certamente mudará e a primeira pergunta deixará de fazer sentido quando pedem a minha opinião sobre a aquisição de um veículo elétrico.

Por outro lado, se vives no centro de Fátima, com um SuperCharger da Tesla por perto, provavelmente a primeira pergunta não se colocaria, pois conseguirias carregar o carro de uma forma rápida, fiável e a preços interessantes. É verdade que a degradação da bateria poderia aumentar ligeiramente, porém, no grupo do Facebook Tesla Clube Portugal, existe pelo menos um depoimento de alguém que já conta com 700.000 km num Model S, carregando frequentemente até 100% e utilizando muitas vezes os SuperChargers, cuja bateria continua em níveis bastante saudáveis.

É preciso que a rede de carregamento pública melhore as suas condições, se expanda e acima de tudo descomplique a si e a redes de carregamento privadas!